A vida de Kim KS nunca foi linear. Em meio a conflitos de ideias e valores com o pai, ele tomou uma das decisões mais difíceis — e libertadoras — da sua juventude: sair de casa. Foi morar com a tia, em um cantinho simbólico da cidade: a Rua do Livramento, no Rio de Janeiro, ao lado da histórica rádio Nativa FM.
Foi ali, entre os becos e calçadas irregulares do bairro, que Kim reencontrou seu verdadeiro alicerce: o skate.
Ao subir novamente no seu segundo skate — mais firme, mais veloz e agora, mais pessoal — sentiu algo que descreve até hoje como “a melhor sensação da vida”. Era como voar com os pés no chão. Cada rolé pelas ruas do Livramento era um ato de resistência, mas também de paz. A liberdade tinha endereço.
A partir dali, os picos começaram a ganhar nome e forma: o Aterro do Flamengo, com sua paisagem icônica entre o mar e o concreto, virou passagem obrigatória. A Praça XV tornou-se um ponto de encontro de estilos e histórias. Mas foi no bairro do Catete, mais precisamente em frente ao Palácio do Catete, que Kim mergulhou de vez na cena.
“A liberdade no skate não vem da manobra, mas da escolha de onde cair e levantar.”
Lá, ele aprendeu suas primeiras manobras, sentiu na pele os tombos que ensinam, e conheceu skatistas lendários da zona sul carioca. Nomes que talvez nunca apareceram em revistas, mas que deixaram marcas profundas em quem viveu aquela época.
A relação com o skate deixou de ser apenas prática. Tornou-se emocional, espiritual, visceral. Era com o skate que Kim desabafava, criava, se conectava com a cidade. Era sobre cair e levantar. Sobre pertencer a algum lugar, mesmo que esse lugar fosse em constante movimento.